O próximo Sábado 30.01.2015 as 18 horas inaugurase en Dispara a exposición, e presentaremos o libro, Pearl do artista portugués afincado en Lisboa Tiago Casanova.

Texto de Ana Matos en portugués , sobre o traballo de Tiago:

Ao longo dos séculos, o conceito de Paisagem foi sendo transformado pelas distintas interpretações que, a cada época, os artistas foram incutindo nas suas obras. Na Antiguidade e até ao século XV, encontramos, sobretudo, a paisagem como um elemento da Pintura Histórica que buscava esse ideal do “Belo Natural”. Com as descobertas científicas da Idade Moderna, a compreensão da Natureza e dos seus fenómenos, e a sua “objectivação”, contribuem para a afirmação da Paisagem enquanto género artístico autónomo, porém ainda muito naturalista e clássico. Durante os séculos seguintes, até aos inícios do século XX, a pintura de Paisagem conhece verdadeiros mestres como John Constable e J. M. W. Turner e Jean-Claude Monet, como um dos ícones maiores do Impressionismo. Neste período, e em consequência da industrialização e da urbanização, os artistas ganharam uma sensibilidade e consciência diferentes do que era a “Paisagem”. Continuamos a encontrar, na Arte Moderna e na Contemporânea, a presença da Paisagem, como género, influenciada por outros acontecimentos sociais e geográficos. Afinal, ela sempre tem estado aí e é o que mais que a Terra tem.

Com este brevíssimo recapitular da história, interessa-me destacar um aspecto onde se centra «Pearl» de Tiago Casanova. É que na abordagem que os artistas tiveram e continuam a ter à Paisagem, está o Homem e a sua intervenção na Natureza. A Paisagem não é, portanto, apenas uma “identidade” geográfica e estética, é também um lugar, um território que resulta e reage às transformações produzidas pelo Homem. Conhecida desde os anos 60 como a “Pérola do Atlântico”, a Ilha da Madeira, de onde é natural Tiago Casanova, é o lugar que lhe interessou explorar. Percorreu os lugares da sua ilha com a sensibilidade de um olhar virgem, na busca do esplendor de redutos naturais, ao mesmo tempo que se pressente o seu profundo conhecimento e consciência estética da intervenção do Homem nessa mesma Paisagem. Entre este par de forças, Natureza e Construção, há o conforto de um miradouro onde saboreamos a paisagem, e o confronto de uma estrada que irrompe mar adentro. Uma paisagem natural e urbana da Ilha da Madeira por um fotógrafo contemporâneo, onde não é possível abstrair a sua formação de arquitecto que aqui assume outras formalidades instrumentais. «Pearl» recupera esse cariz etnográfico e político que, alguns, muitos felizmente, conferem à prática artística. Sigamos a convocação de Hal Foster, e voltemos ao Real. Um real sustentável, justo e melhor porque respeita a Natureza e o Homem, uma tanto como o outro.

Ana Matos

Junho de 2014
(Curadora e directora artística da Galeria das Salgadeiras)

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